Vencer o sofrimento do corpo e da Alma

Geralmente fundam-se instituições filantrópicas tendo em vista apenas aqueles que necessitam de bens materiais, destituídos daquilo que os olhos penosamente testemunham. Todavia, o padecimento das gentes vai muito além do que se comprova na triste visão da pobreza humana. A dor não se encontra apenas nos barracos, nos mocambos, nos charcos, nos dias e madrugadas em que a LBV ininterruptamente levanta os mendicantes com a Caridade Completa, material e espiritual. As angústias também estão, e ferozes, nas mansões, nos apartamentos de luxo, nos palácios, onde o Amor nem sempre habita e a segurança começa a ficar distante. E não há maior sofrimento do que a ausência de Amor.

 

Clamando por tranquilidade d’Alma

Lá, nos ambientes requintados, há igualmente mães que choram a incompreensão dos filhos e filhos que sofrem o abandono dos pais; casais que não se compreendem; mulheres que sofrem a leviandade dos maridos e maridos que lamentam a frivolidade das esposas; enfermos cercados das maiores atenções médicas, mas sem a sustentação dos corações que mais amam; e até mesmo existem patrões de Espírito mais humilde que o de seus subordinados.

Todos enfrentamos problemas. Todos! Se o drama não é estritamente pessoal, padece-se pela dor de alguém muito querido. Um mundo de paradoxos, de contrastes impensáveis. Em última análise, somos simples seres falíveis, clamando por tranquilidade d’Alma; instintivamente anelando a concórdia, aliada ao conhecimento da Verdade, de preferência a Divina. Jesus, o Grande Amigo que não abandona amigo no meio do caminho, possui capacidade para iluminar o íntimo das criaturas. Ensinava Alziro Zarur (1914-1979): Nenhum sofrimento é vão, nenhuma lágrima se perde. A vida humana é apenas uma preparação para a Verdadeira Vida. Não há um pranto sequer que Deus não veja. E quem não chora a sua lágrima secreta? O Pai Celestial guarda-as para toda a Eternidade”.

As lágrimas dos pobres e as lágrimas dos ricos. O que importa numa sociedade realmente solidária é o Espírito Imortal do ser humano! No Evangelho, o Cristo, sem restrições, convida aos Seus braços todos os que padecem: “Vinde a mim todos vós, que estais exaustos e oprimidos, e Eu vos darei lenitivo. Sem mim, nada podereis fazer. Eu sou a árvore, vós sois os ramos. Nada podereis realizar sem meu apoio. Não vos deixarei órfãos. Não se turbe o vosso coração nem se arreceie. Eu estarei convosco, todos os dias, até o fim do mundo” (Evangelho, segundo Mateus, 11:28; 28:20; João, 15:5 e 14:18 e 27). “Novo Mandamento vos dou: Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros. Não há maior Amor do que doar a própria Vida pelos seus amigos” (Evangelho, consoante João, 13:34 e 35; 15:13).

O Apocalipse, como nomeava Zarur: “o mais importante livro da Bíblia Sagrada na atualidade mundial”, anuncia, para os que “têm olhos de ver e ouvidos de ouvir”, o mais glorioso acontecimento de todos os tempos da História — Jesus Está Chegando!

No Livro das Profecias Finais, o Divino Senhor, porém, adverte: “Lembra-te, porém, de onde caíste, arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras; se não, virei a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. (…) Sê fiel até à morte, e Eu te darei a Coroa da Vida” (Apocalipse de Jesus, 2:5 e 10).

O conforto espiritual no Apocalipse

E essa consolação nos fortalece neste momento em que a violência campeia livre pelo mundo.

Algumas pessoas não sabem, mas o Apocalipse — não o confundir com previsões de fim de ano nem com Nostradamus (1503-1566) — do mesmo modo oferece alento aos que o analisam sem ideias preconcebidas, as quais não soam bem ao pensamento libertário da era em que vivemos. Por que não?! Victor Hugo (1802-1885), citado pelo filósofo e sociólogo italiano Pietro Ubaldi (1886-1972), costumava lembrar que “quem hoje afirma que uma coisa é impossível tacitamente se coloca do lado dos que vão perder”.

No Livro da Revelação, 2:10 e 22:12, 13, 16, 17, 20 e 21, o Divino Senhor conforta: “Não temas as coisas que tens de sofrer. (…) Sê fiel até à morte, e Eu te darei a Coroa da Vida. (…) Eis que venho sem demora. Comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. Eu sou o Alfa e o Ômega, o A e o Z, o Princípio e o Fim, diz o Senhor. (…) Eu, Jesus, enviei o meu Anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a brilhante estrela da manhã. O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve diga: Vem! Aquele que tem sede [da Palavra de Deus], venha!, e quem quiser receba de graça a água da Vida Eterna. (…) Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente venho sem demora. Amém. Ora vem, Senhor Jesus! A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós para todo o sempre. Amém”.

É imprescindível, portanto, orar e vigiar, mormente nas ocasiões de crise, qualquer que seja o local ou o instante. A dor não aguarda oportunidade para bater à porta do nosso coração.

E a prece não é somente útil nos transes dramáticos da vida, mas essencial também na hora de buscar as soluções para os desafios de ordem filosófica, política, econômica, científica, religiosa, artística, esportiva, pública, doméstica etc.

 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

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