Evolução: Do furto ao roubo de caixas eletrônicos

Tenho observado ao longo do tempo o processo migratório e a evolução do denominado crime conhecido como furto a caixas eletrônicos, vinte anos se passaram quando deparei com as primeiras ocorrências registradas, ainda quando trabalhava em delegacias da capital.
Em São Paulo essa modalidade delituosa foi denominado quando do seu surgimento “o crime da moda”, os  autores deixavam de roubar carros fortes, bancos e passavam a subtrair valores dos caixas eletrônicos sem ameaça ou  violência à vítima.
Devo frisar que atendi um caso, em que o próprio caixa eletrônico foi levado em uma “Kombi”, eles arrancavam usando “pé de cabra”, uma espécie de barra de ferro e depois com maçarico abriram o caixa eletrônico de forma rudimentar em um local ermo e seguro para eles.
Os anos se passaram e àquela modalidade delituosa continuou sendo praticada com mais frequência , primeiro migrou para as grandes cidades do interior e atualmente virou uma “praga” se espalhando por todos os cantos.
Interessante que também ocorreu uma sofisticação na conduta e as quadrilhas agem cada qual com características próprias. Elas se qualificaram utilizando-se de “modus operandis” diferentes.
São usados artefatos explosivos de grande potencial, envolvendo uma espécie de engenharia no crime, um conhecimento técnico e um trabalho em equipe cada um com sua função.
A novidade agora é que esses criminosos já possuem além do “plano A”, ou seja a prática do furto qualificado com a subtração dos valores pecuniários das agências bancárias ou caixas eletrônicos apostados em outros estabelecimentos, caso ocorra uma “crise”, surja um imprevisto com a presença de obstáculos físicos,  já estão fortemente armados e no transcorrer da empreitada criminosa os autores mudam a estratégia a adotam o “Plano B”, ou seja ,  a violência ou embate contra qualquer alvo ou obstáculo que atrapalhe o intento da subtração da “res”.
Dias atrás, depois de vinte dois anos atuando como delegado de polícia me deparei com uma ocorrência comprovando a audácia dos roubadores de caixas eletrônicos, disse roubadores pois, na realidade o furto já
faz parte do passado e a violência imperou. Tal fato ocorreu na cidade de Elias Fausto, mesmo conseguindo seu intento o “bando” disparou não apenas em direção aos guardas municipais como também populares foram atingidos, pelo menos três pessoas foram feridas.
Comprovou-se, ainda, que além da evolução da capitulação jurídica (do furto para o roubo) essas quadrilhas estão sincronizando suas ações e explodiram de forma inusitada e quase ao mesmo tempo três agências bancárias utilizando-se de artefatos explosivos, farta munição, além do conhecimento técnico.
Estaremos atentos para saber qual será a próxima evolução!
Por :Gillys Esquitini Scrocca
Delegado de Polícia, advogado, professor, radialista, colunista e vereador capivariano.