Desmantelando a Hierarquia

As corporações verticalmente integradas das décadas de 1960 e 1970 controlavam suas operações por meio da propriedade das unidades que fabricavam seus produtos, criando departamentos centralizados para monitorar as decisões de seus gerentes, fundindo-se com fornecedores de matérias-primas e controlando as atividades de apoio por meio de pessoal próprio. As organizações contemporâneas cortam custos, aumentam a flexibilidade e se dedicam a suas competências centrais das seguintes formas: terceirizando atividades de  apoio; associando-se com outras empresas, fornecedores e clientes; descentralizando a tomada de decisões; delegando poder aos gerentes e substituindo departamentos independentes por equipes interdependentes.

Resquício da década de 1950, quando o trabalho só podia ser medido em um escritório ou fábrica, o “expediente” está com seus dias contados. Dada à globalização das oportunidades e a mobilidade das telecomunicações, os trabalhadores frequentemente estão a postos 24 horas por dia, eliminando com isso a separação entre trabalho e tempo pessoal.

No passado, a antiguidade no emprego e o nível do cargo geralmente determinavam a escala salarial. Tendências recentes, como a remuneração de faixa ampla, vinculam a remuneração à produtividade pessoal e aos lucros da empresa. Reduzindo o número de faixas salariais e níveis dos cargos a umas poucas faixas amplas, esse tipo de remuneração permite às empresas vincular a remuneração às habilidades e contribuições individuais.

Durante a Revolução Industrial, as empresas fabris exigiam que os empregados executassem funções especializadas em seus cargos. As organizações, contudo, estão extinguindo cargos mediante a substituição do cargo tradicional por uma mão-de-obra contingente, como prestadores de serviços, temporários, free lancers, consultores e contratados por tempo determinado, mudando com isso a relação empregador/empregado. Em lugar da segurança no emprego, as organizações modernas oferecem aos trabalhadores maior flexibilidade e autonomia. Os trabalhadores são contratados para desenvolver projetos e são retidos, transferidos ou dispensados conforme as necessidades. A extinção de cargos é uma questão de tempo e, por isso, nos próximos 15 a 20 anos, a força de trabalho consistirá em três classes: (1) trabalhadores permanentes que permitem à empresa manter suas competências centrais; (2) trabalhadores contratados por um período determinado; e (3) trabalhadores em tempo parcial contratados conforme as necessidades.

 

e – Robson Paniago é Administrador Tecnológico & Social

e-mail: robson.paniago@fgv.br e robsonpaniago@hotmail.com