Capivari: Empresa de transporte coletivo ignora os clientes portadores de necessidades especiais.

A única empresa de transporte coletivo de Capivari não está muito preocupada com o público portador de necessidades especiais.

Esta conclusão está baseada no fato de a empresa ter comprado alguns ônibus adaptados para cadeirantes, porem esta frota continua sem utilidade e fora de uso.

Há reclamações de varias pessoas referentes ao uso dos ônibus por portadores de necessidades especiais. Segundo os reclamantes os ônibus que estão circulando possuem a adaptação mais não funciona, o motivo principal é que a empresa não treinou seus funcionários para operaram os equipamentos da plataforma para cadeiras de rodas.

Nossa equipe ouviu algumas pessoas portadoras de necessidades especiais, para saber qual a opinião delas sobre o assunto.

A funcionária pública Luciana Belini que desde pequena faz uso da cadeira de rodas devido  uma má formação congênita, uma lesão medular, chamada mielomeningocele, se tornou portadora de necessidades especiais.

Ela começou trabalhar com 19 anos de idade, é formada em Magistério e seu primeiro emprego foi na escola Cherubim Sampaio em Capivari, onde dava aulas de Inglês.

Segundo ela quando começou a trabalhar havia muitas barreiras físicas que impediam seu acesso ao local de trabalho; mas ela contava com o auxílio do seu pai que a levava para dar aula era ele quem subia e descia a cadeira de rodas nas escadas que existiam na entrada referida escola.

Perguntado se a oferta de transporte coletivo adaptado atende as suas necessidades, no município ela respondeu o seguinte:

“Não uso o transporte coletivo dentro do município, mas já ouvi reclamações de pessoas dizendo que a quantidade está boa, não ótima, poderia haver mais, mas agora o que falta são as empresas treinar seus funcionários como operar os ônibus com as plataformas de acesso para deficientes, pois segundo o que comentaram comigo, foi que os motoristas não sabiam como era o funcionamento dessas plataformas, não adianta você colocar os ônibus à disposição se seu pessoal não passou por treinamento adequado.”

Ela finaliza sua participação nesta matéria fazendo o seguinte apelo para as autoridades:

“Pediria calçadas com guias rebaixadas e mais treinamentos educacionais para a população, pois não adianta ter rampas de acesso, e motoristas, por exemplo, pararem na frente. Essa atitude, principalmente das pessoas não portadoras de necessidades especiais, só irá mudar com muito trabalho voltado à educação do trânsito.”

O estudante de Direito José Eduardo Moreira Menezes que ficou paraplégico após um acidente um acidente motociclístico em abril de 2007, na cidade de Cabreúva, também falou com exclusividade para a nossa redação.

Eduardo trabalha há dois anos em um escritório de advocacia, exercendo a função de estagiário.

Perguntado sobre as barreiras que encontrou no início do trabalho ele respondeu confiante: “No meu caso específico posso dizer que havia barreiras externas (calçadas, guias altas) infraestrutura de ordem pública. No entanto quanto ao escritório não, vez que o advogado o qual trabalho providenciou todas as adaptações necessárias. Inclusive está terminando a estrutura para a implantação de um elevador tendo em vista que o escritório possui dois andares para que tanto eu, quanto outros deficientes e idosos possam ter acesso a todas as dependências do escritório.”

Ele disse também que não faz uso de transporte coletivo, pois, conta com o apoio da família para o transporte até o trabalho.

“Vou trabalhar com carro de passeio. Geralmente vou com minha irmã e nas vezes quais não é possível pego carona com um colega de trabalho.”

Na opinião dele a oferta de transporte coletivo para cadeirantes ainda é precária.

“A infraestrutura de transporte municipal no âmbito de atender portadores de necessidades especiais não é muito abrangente. Não sou a pessoa mais apropriada para dissertar sobre tal assunto, pois não faço uso comum do mesmo, no entanto em conversa com outras pessoas fico sabendo da demora no intervalo entre um ônibus e outro, bem como a capacidade de todos os ônibus, sendo uma vaga por cada.”

Eduardo acredita que a questão de acessibilidade e principalmente “respeitabilidade” para com os portadores de algum tipo de deficiência vão se alongar por algum tempo. Por conta disso acha que o primeiro passo é aceitar sua deficiência e não se tornar vítima da situação, mas procurar construir uma nova história; lutar para que o mundo transforme-se, no entanto enquanto isso não ocorre tenta se adaptar ao mundo e procura viver e vencer as barreiras e o preconceito, sempre de cabeça erguida crendo que dia melhores virão.”

O depoimento que mais chamou a atenção da nossa reportagem é do administrador de empresas Anderson de Jesus Moreira.

Que sofreu uma lesão medular decorrente de um acidente no ano de 2005.

Anderson faz uso do transporte coletivo desde quando ainda era estudante de administração, ele conta que já sofreu muito, pois não é nada fácil depender exclusivamente do transporte público.

Segundo ele devido a sua condição de cadeirante e a falta de compreensão de alguns motoristas, houve situações que ele teve até que registrar Boletim de Ocorrência, pois o motorista se recusou a leva – lo por causa da cadeira de rodas. Mas para ele este fato é fato superado.

Anderson estudou na cidade de Piracicaba por três anos e neste período usava o transporte coletivo, foi uma batalha, agora ele está formado e aguarda uma oportunidade para voltar a trabalhar. Ele pretende participar do programa municipal que contratará portadores de necessidades especiais.

O apelo dele para a empresa de ônibus é “que a empresa faça funcionar as plataformas de cadeirantes. Que os funcionários sejam capacitados para operar os equipamentos e que principalmente respeitem os cadeirantes que também são clientes como todos os demais.”

A empresa foi procurada por nossa reportagem, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

Redação

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